sexta-feira, 17 de junho de 2011

África: os primeiros hominídeos e a separação lingüística.

A história das sociedades africanas foi, durante muito tempo, deixada de lado, em grande medida, devido às idéias preconcebidas sobre o continente africano produzidas, sobretudo pelos europeus, nos séculos XVIII e XIX. Como as sociedades africanas não apresentavam as mesmas instituições políticas, não possuíam padrões de comportamento e visões de mundo semelhantes aos dos europeus, a conclusão só podia ser uma: a de uma sociedade não civilizada e sem História”.[i]
Infelizmente, “na TV, a África é mostrada quase sempre como uma gigantesca selva, e uma savana a perder de vista, habitada por leões, elefantes e girafas, ou como um continente castigado pela fome e pelas doenças. Na verdade, a história da África é tão rica e movimentada quanto à de qualquer outro continente”.[ii]
Você sabia que o continente africano foi onde, provavelmente, surgiram os primeiros seres humanos?

Quando os humanos saíram pela primeira vez da África, a 60.000 anos atrás, deixaram traços genéticos que são visíveis até hoje. As grandes migrações finalmente levaram aos descendentes de um pequeno grupo de africanos a ocuparem inclusive os cantos mais distantes da terra.
Os primeiros hominídeos partiram da África e começaram a se instalar em Israel 1,4 milhão de anos atrás. Para a hipótese mais aceita no mundo de hoje, conhecida como "out of África" (para fora da África, em inglês), os hominídeos originaram-se na África e iniciaram um processo de dispersão para o Oriente Médio, Ásia e Europa.
A imagem abaixo ilustra essa teoria:
Por este motivo, a África é considerada, por muitos pesquisadores, o Berço da Humanidade.

Existe uma teoria da evolução que se intitula ‘hominização’, que defende que o homem surgiu na África.

Desde o Australopitecos, Homo Habilis, Homo Erectus, Homo Sapiens até o Homo Sapiens Sapiens.

O Homo erectus, hominídeo autor de importantes avanços (como a utilização do machado), teria saído da África há quase dois milhões de anos  em ondas migratórias rumo à Ásia e à Europa, iniciando o povoamento do mundo. E, segundo a autora Elisa Nascimento, o consenso científico afirma que o homo sapiens sapiens também evoluiu na África e de lá saiu, há mais ou menos 150 mil anos, em uma segunda fase de ondas migratórias através da Eurásia. Isso é comprovado pelas ossadas fósseis e pela arte primitiva encontrada no continente africano.[i]

Como em outros continentes, também na África, diversos núcleos humanos realizaram a passagem da vida nômade ao sedentarismo agrícola, o que levou, pela dominação de outros povos e organização, à formação de reinos e Impérios.
Os reinos mais antigos do continente, formados com base no modo de vida sedentário neolítico, constituíram-se primeiramente na África Setentrional, região norte da linha do Equador. Não muito depois, a profusão de povos nômades e sedentários também deu origem a aldeias e vários outros reinos no centro e parte sul do continente, na região que dominamos de África Subsaariana. Desses vários reinos, vamos destacar apenas alguns desde os primórdios da antiguidade[ii] que serão estudados nas próximas aulas. 


Línguas e idiomas

            A diversidade lingüística na África é excepcional, embora próxima da asiática. O continente possui cerca de duas mil línguas com suas variações dialetais. Contudo, hoje somente cerca de 50 delas são faladas por mais de dez milhões de habitantes.

Ocorre também que certas línguas são reconhecidas com nomes ou grafias diferentes. Há também as variações dialetais: o mandinga, por exemplo, tem pelo menos dez variações dialetais: malinkê, bambara, diula, etc. As línguas africanas são geralmente agrupadas em seis famílias. Observe o mapa:

Para resumir esse retrato da África, podemos enxergá-la a partir dos seus quatro maiores grupos linguisticos: Afro-asiático, níger-congo, Nilo-saariano e Cóisan.


A região do Saara e do Sael é habitada por povos falantes de línguas afro-asiáticas, formadas pelas misturas entre os povos locais e as levas de migrantes do Oriente Médio. Estes se espalharam pela costa e pelo interior do continente, pelo vale do Rio Nilo, pela Etiópia, chegando ao atual Marrocos, então conhecido por Magrebe: “oeste distante” em árabe. Os beduínos da península arábica que migraram para a África eram parecidos física e culturamente com os berberes, azenagues e tuaregues da região do Saara.

            Já os povos negros que habitavam as regiões ao sul do Sael eram muito diferentes dos berberes e tuaregues. As diferenças físicas eram as mais evidentes, mas também eram diferentes as línguas, religiões e as atividades econômicas, adequadas aos ambientes em que viviam, de savanas, florestas e muitos rios. Esses grupos dominavam a metalurgia e falavam línguas niger-congo, tronco que se subdivide em cinco outros grupos. Dois deles, as línguas banto e zande, se ligam à expansão banto. Os outros quatro grupos existentes na África Ocidental são o kwa, ao qual pertencem línguas como axante, ioruba, ibo, igala e nupe falados nas regiões de floresta e savana que se estendem da costa atlântica até o Sael; o mande, falado na região do alto e médio Níger; o atlântico ocidental, que abrange as línguas jalofo e fula faladas na região do rio Senegal; e o voltaico, ao qual pertence a língua mossi, falada na região do alto rio Volta.         

Quanto aos falantes da língua Nilo-saarianas, eram nômades do Saara e do Sael, criadores de gado, alguns dos quais disputaram com os bantos a ocupação da região dos lagos Vitória e Tangânica. Mas, entre eles, também havia os que eram artesãos, produtores de grãos, moradores das cidades saelinas que floresceram à sombra do comércio. Aqueles que pertenciam à elite, como comerciantes, grandes produtores de grãos e administradores, geralmente se convertiam ao islamismo, ou a formas africanas de islamismo, ao passo que, os agricultores, artesãos e pastores se mantiveram fiéis às suas religiões tradicionais.

Os caçadores e coletores que não se misturaram aos bantos espalhados pela África central se fixaram no sudoeste do continente, e são falantes de línguas cóisan.



Curiosidades

LÍNGUAS AFRICANAS E SEUS USUÁRIOS

- Com mais de 130 milhões: árabe


- Com mais de 50 milhões: haussa (Nigéria e países vizinhos ao norte), suaíli (swahili), na Tanzânia (língua oficial), Quênia e Uganda (língua nacional) litoral do Índico até centro do Congo-Zaire.


- Com mais de 20 milhões: amárico (Etiópia) e berbere (Marrocos e Argélia).


- Com mais de 10 milhões: ioruba e ibo Nigéria), grupo nguni (África do Sul: zulu e xhosa), mandinga (vários países no oeste africano). Grupo sotho (África do Sul), malgache (Madagascar), lingala (Congo/Zaire), kikongo (os Congos e norte de Angola).[i]



[i] Fonte: Africa at a Glance. Instituto Africano da África do Sul, 1998, com estimativas de outras fontes. CONCEIÇÃO, José Maria Nunes Pereira. África, um novo olhar. Cadernos CEAP. Rio de Janeiro: Espalhafato, 2006, 88p.





[i] Disponível em < http://www.educacaoliteratura.com.br /index%20148.htm> Acessado em 11 mai 2011.
[ii] VICENTINO, Cláudio. História. projeto Radix raiz do conhecimento. 7 série. Editora Scipione, 2006.



[i] NASCIMENTO, Elisa Larkin em Introdução à história da África . In: Educação africanidades Brasil. MEC – SECAD – UnB – CEAD – Faculdade de Educação. Brasília. 2006. p. 33-51.
[ii] BOULOS Jr, Alfredo. História: sociedade & cidadania. Livro didático: 5ª série, 6º ano. Manual do professor. Editora FTD, PNLD 2008.

2 comentários:

  1. o homem é muito egoista, aqui não vejo nem um comentario sobre os nossos ancestrais remotos

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  2. Estou contente por ter lido este lindo texto,olha que eu não tinha noção de tudo que a cabei ler aqui. Espero que isto contribuía bastante para o meu conhecimento...
    sem mais assuntos de momento, cordeias saudações.

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