quarta-feira, 22 de junho de 2011

REINOS AFRICANOS : SOCIEDADES E COMÉRCIO


O Egito foi, provavelmente, o primeiro estado a constituir-se na África, há cerca de 5000 anos, mas muitos outros reinos ou cidades-estado foram sucedendo-se neste continente, ao longo dos séculos. Além disso, a África foi, desde a antiguidade, procurada por povos de outros continentes, que buscavam as suas riquezas como sal e ouro.
            Habitando o extremo norte do continente, os egípcios mantiveram alguns contatos com os povos da Europa e principalmente da Ásia, sendo dominados, sucessivamente, por gregos e romanos. Você deve estar se perguntando: Como viviam os povos que habitavam o restante do continente africano?
Nos últimos milênios antes da era cristã, o continente africano passou por profundas alterações climáticas, em especial nas áreas que envolviam o que atualmente é o deserto do Saara, o maior deserto do mundo. Tais mudanças impulsionaram migrações de povos para o norte, formando a população mediterrânea, e para o sul, na África Subsaariana, também chamada de África negra.
O mais antigo foi o Reino da Etiópia. Nos primeiros séculos da nossa era, sua região fora influenciada pelos antigos romanos, com o cristianismo.
Nessa longa história dos povos africanos, algumas sociedades se tornaram mais conhecidas em virtude de sua longevidade, poder político e econômico. Como o Império de Kush, Cartago e Axum.
Os grandes Impérios de Gana, Mali e Songhai, por sua vez, constituíram as mais importantes Civilizações Africanas entre os séculos IX e XV. Por este motivo, eles serão estudados com mais detalhes.


Expansão do Cristianismo

         Dentro do continente africano também existiram reinos que praticavam a religião cristã, sendo o mais importante o reino de Axum, localizado onde hoje encontramos o Sudão e o norte da Etiópia.
          Estes povos tornaram-se cristãos, após o século IV d.C, devido as influências recebidas no contato com o Império Romano.
         O Império Romano detinha rotas comerciais que passavam pelo Mar Vermelho e por Axum para chegarem até a Índia.
          Mesmo com o declínio e posterior desaparecimento do Império Romano, estes reinos continuaram sendo cristãos.
          Curiosamente, o Reino de Axum, fez um tratado com o Egito (que o incorporou) para poder continuar sendo cristãos, mas no século XIV foram derrotados pelos Turcos mamelucos que impuseram a religião islâmica.



OS REINOS DA ÁFRICA OCIDENTAL
  Na região da África Ocidental, que fica no Oeste da África, no oeste-sul do Deserto do Saara até o Golfo da Guiné, surgiram alguns reinos como Gana, Mali e Songhai que serão apresentados e discutidos nesse texto.

REINO DE GANA
O primeiro reino que se tem registro na região entre os rios Senegal e Níger é o reino de Gana. Ele se formou no século IV da era cristã e já no século VII foi visitado por missões de povos árabes. Os habitantes de Gana praticavam a agricultura e a criação de animais, além de possuírem grande quantidade de ouro na região. No início de sua história, essas atividades eram desenvolvidas por tribos praticamente independentes entre si.
No século IV essas tribos formaram uma confederação liderada por reis da família Sarakollés. Desde o século VII, Gana mantinha relações com os povos árabes. No século XI o próprio rei e muitos nobres e comerciantes adotaram a religião islâmica.    
Essa conversão ajudou a ampliar as relações comerciais com os árabes e permitiu a utilização de práticas administrativas e jurídicas da cultura islâmica que possibilitaram uma melhor organização do Império de Gana.

Gana na visão do viajante árabe Al-Bakri
... Gana é a cidade mais importante, mais populosa e com o comércio mais activo de todo o território dos negros. Visitam-na ricos mercadores dos países vizinhos e de todos os países do Magreb Ocidental. O rei ganha um dinar de ouro por cada burro carregado de sal que entra no seu país, e dois dinares por cada carregamento de sal exportado. A carga de cobre rende-lhe cinco miticais e a carga de mercadorias dez miticais. (...) Diz-se que o rei tem em casa um pedaço de ouro do tamanho de uma grande pedra, que pesa trinta libras e forma um único bloco. (...) Escavaram nele um buraco para prender o cavalo do rei.

Al-Bakri, 1068, Description de l’Afrique septentrionale, Paris, 1859. P. 7;385; 8. In COQUERY-VIDROVITCH, Catherine (Org. ) A descoberta de África, Edições 70, Lisboa, 2004. p. 43.
    
A enorme prosperidade alcançada por Gana atraiu a cobiça dos povos vizinhos. Em 1076, a capital Koumbi foi tomada por grupos nômades que habitavam o Saara Ocidental. A invasão durou pouco, mas causou grandes estragos econômicos e foi seguida por uma luta entre diversos nobres pelo poder. O Império de Gana estava fragmentado e enfraquecido. Aproveitando-se dessa fraqueza, um pequeno reino que habitava o alto rio Níger afirmou sua supremacia: estava nascendo o Império do Mali.

Reinos na África Ocidental


IMPÉRIO DE MALI

     Em 1240 o exército do reino do Mali,  invadiu Koumbi – antiga capital do império de Gana.
Esse reino era habitado por vários povos, sendo os malinquês (ou mandingas) o grupo principal. Os governantes recebiam o título de mansa. Viajantes árabes relataram a história de alguns governantes que se tornaram famosos como Sundiata, que reinou de 1230 a 1255 e Mansa Mussa, que governou entre 1312 e 1337 e é lembrado pela peregrinação que fez à cidade sagrada de Meca.

Observe a imagem abaixo: que tipo de imagem é essa? Quem a produziu?  Quem está sendo representado em primeiro plano? 


Dominando as antigas regiões auríferas do Império de Gana e outros povos mineradores, os malineses puderam desenvolver um intenso comércio com os árabes – que se tornaram os principais responsáveis pela exportação do ouro malinês para a Ásia e em menor medida para a Europa. Apesar de manterem diversas práticas tradicionais de sua religiosidade, os habitantes do império de Mali absorveram muitas características da cultura islâmica: contratos escritos, uso do crédito, escolas de tecnologia e alfabetização. Uma das áreas em que essa influência se manifestou foi a arquitetura.
            Durante o século XV, o império de Mali foi derrotado pelos Songhai, um povo que vivia nas fronteiras orientais do reino, em torno da cidade de Gao, às margens do Rio Níger. Surgia assim o último grande Império Africano, o de Songhai ou de Gao.

IMPERIO DE SONGHAI

            O Império de Gao foi fundado por Ali Ber (1464-1492), guerreiro que conseguiu derrotar os malineses e estender bastante seus domínios. Seu sucessor, Askia Mohammed rompeu com toda a tradição africana, transformando Gao num típico Império Islâmico, promulgou uma constituição baseada nas leis islâmicas e começou a reformar a administração do Império. Extinguiu os antigos privilégios da nobreza, estabelecendo como critério para a admissão nas funções burocráticas a competência e não mais o nascimento. Isso provocou reação dos nobres, que concorreram para enfraquecer a unidade do império.
            Em meio às lutas entre os imperadores e a nobreza ocorreram dois fatos que contribuíram decisivamente para a interrupção do poderio do Império de Gao: a chegada dos portugueses à Costa do Senegal, por volta de 1450, e a invasão de Tombuctu pelos marroquinos, em 1591. Esses dois fatos implicaram a queda do último grande Império africano e deram início a um novo período da história desse continente.

RELATOS DE VIAJANTES E FONTES HISTÓRICAS
Os primeiros povos a tomar contato com os grandes Impérios africanos foram viajantes, caravaneiros, geógrafos e historiadores, provenientes da Europa e da Ásia. Para esses homens o modo de vida africano aparecia como um mundo diferente e exótico.
                A cor da pele, o modo de vestir, as tradições políticas, a quantidade de ouro: tudo isso impressionava os Árabes. Eles nomeavam os lugares visitados a partir das características que mais lhe chamavam atenção. Assim, as cidades da costa oriental foram denominadas suahilis, que em árabe quer dizer ‘cidades costeiras’; já a região do Império de Gana foi denominada “país do ouro”, devido à abundância desse metal.
                Os relatos desses viajantes constituem a principal fonte histórica para o estudo dos impérios africanos. Contudo, ao analisá-los o historiador deve estar atento para o fato de que os viajantes escreviam segundo suas impressões, chamando a atenção para os detalhes que mais os atraíam. Cabe ao historiador, portanto, olhar esses relatos de modo crítico, checando suas informações com as de outras fontes como, por exemplo, restos arqueológicos e pesquisas antropológicas atuais.

COMÉRCIO
Durante os primeiros séculos de nossa era, o deserto do Saara funcionou como uma espécie de cordão de isolamento, impedindo o contato dos povos que habitavam o centro e o sul da África com a Ásia e a Europa. Apenas no século VIII essa situação começou a se alterar.
            Impulsionados pela idéia de expandir sua religião, os islamitas atravessaram o Saara a fim de converter ao islamismo os povos que habitavam o oeste da África e regiões que fornecessem novos produtos e riquezas. Nessa expansão, os islamitas encontraram uma enorme diversidade de povos com diferentes formas de vida.

Expansão do Islamismo
       Maomé que viveu entre Meca e Medina de 570 a 632 foi o fundador do islã, que significa submissão a Deus, único e onipotente. No mundo moderno, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo são as três principais religiões monoteístas, isto é, que preconizam a existência de um único Deus, criador de todas as coisas.
Elas se guiam por textos sagrados, estabelecidos em momentos diferentes: a Tora, a Bíblia e Alcorão. O islã foi rapidamente difundido pela pregação de Maomé e seus seguidores, e no século VIII, estava presente desde a Pérsia até a península Ibérica, passando por toda a Arábia, pelo Império Turco e pelo norte da África.
A religião vinha acompanhada de maneiras de viver e de governar próprias do mundo árabe, chamadas de muçulmanas. Segundo a religião islâmica, povos variados podem ser agregados em torno de uma comunidade de idéias e crenças capaz de produzir uma unidade, chamada de umma. Os cinco principais deveres de todo adepto do islã são: a profissão de fé, isto é, a declaração da crença em um só Deus e em Maomé como seu profeta; a oração cinco vezes ao dia; o pagamento do imposto religioso; o jejum no mês do Ramadã; e a peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida.

Algumas das rotas comerciais mais importantes se estabeleceram ao longo do deserto do Saara e do Sahel, em direção aos mares Mediterrâneo e Vermelho. As caravanas de mercadores eram auxiliadas pelos povos que habitavam e conheciam profundamente o deserto. Formava-se assim o comércio transaariano, que marcou as relações sociais e econômicas no continente durante séculos.
As rotas do comércio transaariano apresentavam inúmeras dificuldades: terreno acidentado, áreas montanhosas e alagadiças, grandes extensões de deserto. Para percorrê-las, era necessário utilizar animais adaptados a vários tipos de terreno e clima.
Primeiro, os povos africanos da região tentaram os bois, mas estes eram lentos e limitados. Depois foi a vez do cavalo, introduzido aproximadamente em 1000 a.C. Apesar de ágil, o animal era difícil de ser encontrado e poucos podiam ter um.
A grande mudança veio quando se passou a utilizar o camelo, nos primeiros séculos da era cristã. Esse animal, fantasticamente adaptado às condições climáticas africanas, era capaz de percorrer terrenos que nenhum veículo de rodas conhecido àquela época conseguiria.
Caravanas de Camelo
Além disso, o camelo é capaz de passar um longo tempo sem beber água, o que lhe permite tolerar as longas travessias do deserto do Saara.
            Com os camelos, os africanos e as populações nômades puderam se movimentar em grandes grupos, não apenas através do Saara, mas também em direção ao sul. Aí, o domínio de uma sofisticada tecnologia de pesca e navegação possibilitou a formação de várias sociedades próximas a costa do atlântico, onde hoje se localizam países como Angola, Namíbia, Botsuana e África do sul.
As mercadorias comercializadas pelas caravanas que atravessavam o deserto do Saara rumo ao mar Mediterrâneo, eram das mais variadas regiões da África, como o sal das minas do deserto, o ouro das minas dos Rios Senegal, Niger e Volta, grãos produzidos nas cidades da região do Sudão Central, a noz-de-cola das florestas do Baixo Níger, além de peles, plumas, essências, marfim, instrumentos de caça (enxadas, pontas de lanças etc.), enfeites de metal, contas, objetos de cerâmica e couro das mais variadas regiões do continente. Estas mercadorias eram transportadas, desde sua origem até os pontos onde estas caravanas passavam, utilizando canoas para transportar pelos rios, burros pelas vias terrestres e até mesmo pessoas para chegar aos locais de destino.

NOZ-DE-COLA
         A noz-de-cola é um produto da floresta muito valorizado entre as sociedades muçulmanas. No interior desse fruto de diversas variedades, fixam os gomos, com um sumo extremamente amargo, que, ao ser consumido nas regiões áridas do deserto e da savana, sacia a sede e produz uma sensação de bem estar, graças ao seu alto teor de cafeína.
De conservação delicada, era transportado com cuidado, envolto em folhas verdes e largas, tendo de ser constantemente reembalado para que seu frescor fosse mantido. Oferecido aos visitantes ilustres, não podia faltar entre os bens das pessoas de maior distinção. Dos poucos estimulantes permitidos entre os povos islamizados, tinha alto valor de troca, o que compensava as longas distâncias e os cuidados especiais relacionados ao seu comércio.
No Brasil a noz-de-cola, conhecida como obi e orobó, tem lugar de destaque na realização de alguns cultos religiosos afro-brasileiros.  

8 comentários:

  1. Me desculpe a pergunta mais..
    De onde sai suas pesquisas?
    Pois eu estou fazendo um trabalho sobre suahilis e está muito difícil de achar bons site de pesquisas > o Google me ajuda mais não é o suficiente....
    Pois perciso de uma pesquisa muiiito bem elaborada com váriedades de pesquisas sobre o Suahilis ...
    Em caso saiba algo sobre isso por favor me informe
    Obrigado!

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  2. Po parabens aii gostei muito desse blog po tao de parabens NOTA:10 po arraso mesmo

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  3. Aii estou fazendo um trabalho da africa antiga com os povos kush,cartago,axum e não estou achando será que vc pd me falar de que site vc pegou?

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  4. Obrigada, as suas pesquisa foram importantes pra preparação do meu material. Estva indo no rumos certo.

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  5. Muito obrigada...suas pesquisas foram muito úteis para mim <3

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  6. Muito obrigada...suas pesquisas foram muito úteis para mim <3

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  7. Muito obrigada...suas pesquisas foram muito úteis para mim <3

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