segunda-feira, 11 de julho de 2011

Griot

Você sabia que na tradição africana são os griots e não os livros que transmitem a história de um povo ao longo dos tempos?! Na tradição africana, o griot é aquele responsável pela manutenção da tradição oral dos povos, pois ele é um contador de histórias em torno do qual as pessoas se reúnem para aprenderem sobre si e sobre o mundo.

Numa cultura oral como a africana, o griot conserva a memória coletiva. Por isso, é costume dizer na África que quando morre um ancião é uma biblioteca que desaparece! A figura do griot tem uma enorme importância na conservação da palavra, da narração, do mito. Na prática, eles funcionam como escritores sem papel nem pena.

Os griots registram oralmente aquilo que consideram importante permanecer na memória e no coração dos seus familiares e conterrâneos, no sentido de manter a sua própria identidade e das suas raízes, fundamentada, em grande parte, no seu passado e nos seus predecessores.

Os griots são os guardiões, intérpretes e cantores da História oral de muitos povos africanos. Na língua mandinga são conhecidos como jeli e na África Central como mbomvet. Todos eles possuem uma função social bastante semelhante e de grande relevância. Os griots cantam a história épica da África e os mitos dos diferentes povos, ou elogiam os méritos dos heróis e personagens do passado, geralmente acompanhados por instrumentos musicais, como a kora ou o xilofone.

No passado, os griots eram contratados por reis e príncipes para enaltecerem as suas qualidades com cânticos durante as cerimônias sociais da corte. Todavia, também sabiam criticar os seus mecenas com fina ironia (que nem todos, certamente, compreendiam…). Pelo papel social que desempenhavam na corte, os griots gozavam de grande prestígio entre a sociedade tradicional africana.

Eram imensamente estimados pelas suas capacidades musicais e poéticas, recebendo boa remuneração pelo seu trabalho. Mas também eram temidos, porque se pensava que dominavam certos poderes ocultos. Há relatos de que quando morriam, não eram sepultados, sendo o seu cadáver colocado dentro do tronco oco de uma árvore e coberto com ramos, para que os seus restos não contaminassem a terra com os poderes mágicos.

Bibliografia
Disponível em <http://www.ruadireita.com/musica/ info/griots-os-interpretes -musicais-da-historia-africana/> acessado em 18 mai 2011.
SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. Ed. Ática, São Paulo, 2006.
SILVA, Alberto da Costa e. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. 3. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. 943 p.

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